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23 de mar. de 2011

Há uma parede entre nós


- É intransponível! - Disse ele.
- É... - Ela concordou.
Ele não queria admitir, não queria crer, não queria desistir.
E todas as tardes que passaram juntos ao som de Amos Lee deitados naquela rede que já cheirava a hidratante de manga?
Era o cheiro dela, de seus cabelos sempre limpos. E ele gostava daquilo.
- Eu queria quebrar essa parede com uma marreta. - Ele estava nervoso.
- Se você fizer isso, vai me cortar com os estilhaços, vai se cortar também... - Ela sempre tinha que ponderar tudo.
NÃO PODERIAM FICAR JUNTOS.
E todas as noites de chuva fina regadas à vinho? E os discos de vinil que eram tratados por ambos como relíquias? E como ficaria a grande e confortável cama vintage que sempre os abrigou com maestria?
A cama ficaria vazia, o bule antigo não mais faria aquele forte café matinal, os discos e cds ficariam empoeirados... A rede não mais balançaria.
- Vou quebrar essa parede. - Disse ele batendo com força.
- Não, apenas me beije, mas não sinta meu sabor... É melhor, pra não aguçar a saudade.

Ele a beijou, nada sentiu, senão o gosto oco do vidro, mas imaginou como seria apertar seus lábios junto aos doces lábios dela.

ELE FOI EMBORA. ELA FICOU.
E A PAREDE FICARÁ LÁ. PARA SEMPRE.

1 de mar. de 2011

Cisne Negro: A loucura pela perfeição


CISNE NEGRO. Aí está um filme memorável, que mexe com as estruturas emocionais e intelectuais de qualquer espectador.
A história é contada sob a ótica da personagem Nina Sayers, que em busca da perfeição, trava uma guerra consigo mesma e dá vida ao lado "cisne negro" que dorme dentro de si.
Assutadoramente belo, o filme retrata a solitária e dolorosa vida de uma bailarina que desconhece o prazer, que não tem privacidade e que vive aprisionada à meninice. É inebriante e perturbador. Nos confunde, nos deixa com dúvidas e nos intriga: afinal, quem são seus inimigos de fato? A mãe, super-protetora? Lily, a nova bailarina da companhia? A pressão dos ensaios? Tudo ao mesmo tempo?
A jornada sensacional em busca dessas respostas somos nós, o público, que fazemos. Nina não quer respostas, nós as queremos.
Com tudo isso, o filme encerra mostrando que o caminho em busca da perfeição é imperfeito e que tal destino não existe.
Tomara consigamos trazer um pouco dessa lucidez para nossas vidas, quando estamos como Nina, ainda que em significativa menor intensidade, nos tentando provar e aprovar todo o tempo, o tempo todo.
Geralmente por razões erradas, tolas ou vazias.

"Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso?" (Jó 11:7)

Conheça seus limites, respeite-os e confie em Deus. A perfeição vem d'Ele, com Ele, por Ele.

Sem Deus, ficamos como as Ninas do mundo: perdidos na própria busca, obcecados e céticos, crendo no poder do trabalho, À TODO CUSTO.

ASSISTA AO FILME, e reflita sobre isso.

Sempre, Top of The Pops.